Refluxo de Pensamento #2 - O mês maldito, o ócio curativo e o Sísifo emocional
Eaí, beleza? (eu preciso achar um jeito melhor de começar essas coisas)
Voltei. Quando eu enviei a primeira edição do Refluxo a quase um mês, senti que não iria voltar, que esse negócio de newsletter ia ter uma edição só pra nunca mais.
Acontece que em uma ida ao mercado de ressaca ouvindo música (Um abraço, Don L) eu vomitei na minha cabeça um texto inteiro, então aparentemente estamos de volta.
Se o Mateus que publicou a primeira edição dessa news soubesse das peripécias pelas quais ele iria passar nos 30 dias seguintes, talvez ele estivesse se furtado.
Entre uma demissão, o CNU e algumas desilusões e crises de identidade, Agosto pareceu um mês em que tava o tempo todo chovendo pica, e meu cu tava no varal. Não sei se é todo mundo que tem um mês do ano em que o destino decide te tirar pra Cristo, mas eu sempre senti que pra mim Agosto era esse mês. Todo ano em agosto os astros se reúnem e se alinham pra me fuder. É alguma coisa pifando que não era pra pifar, alguma mudança que exige um recálculo de rota grande, invasão alienígena…
Esse ano, demissão.
Eu quero abrir esse assunto atestando um óbvio que eu demorei muito tempo pra aceitar:
Eu não aguento mais a iniciativa privada. Essa relação que vive da eterna promessa de te desenvolver, mas que em verdade te joga numa máquina de moer subjetividade.
Já tava a uns meses em um momento que a rotina de trabalho era tão emocionalmente exaustiva que eu comecei a perder a conexão comigo mesmo, e porquê não, com o próprio trabalho.
Enfim, aconteceu, e por enquanto esses dois parágrafos são o máximo que eu vou me permitir azedar sobre isso aqui.
É de se imaginar então que eu peguei essas 9 horas diárias reconquistadas pelo desemprego e aquietei minha bunda, certo?
Sim e não. Eu peguei essa oportunidade incrível que o mês maldito me deu (atenção ao alto teor de ironia) e decidi “dar um jeito na vida”.
Sabe, eu vejo minha cabeça como um quarto de casa. Eu também existo e faço coisas ali dentro, e nessas de rotina agitada as vezes acabo esquecendo uma pilha de roupa na cadeira, ou uma toalha molhada na cama. Não são coisas que fazem tudo deixar de funcionar, mas é inconveniente, atrapalha de usar esse ambiente como eu gostaria, e acima de tudo me irrita. Esse ano as coisas tão particularmente complicadas nesse sentido, parece que ta rolando uma reforma por aqui, e eu tenho ouvido constantemente o som de britadeiras.
Aí eu senti a necessidade de tirar um tempo pra colocar algumas coisas no lugar (enquanto estudava pro CNU). Não sei exatamente o quão mudado eu vou sair disso, acho que dessa vez a intenção era um pouco mais de reconexão. Entrar denovo em contato com as coisas que eu quero fazer, o modo como eu gosto de viver minha vida, com o que me é possível e tentar traçar uma linha entre esses três pontos é um processo que as vezes eu perco de vista, e tirar um tempo pra pegar ele de volta é sempre bastante bom.
Também pude voltar a ter tempo pra ser mais espontâneo. Entendi que pra mim essa é uma exigência muito forte pra espontaneidade: Sentir que tenho tempo pra isso.
Eu sei que é uma coisa bem triste de se dizer, mas eu também tava me sentindo sem tempo e energia pra testar coisas novas. Fazer o que já funciona é prático, sem risco, e nem de longe demanda tanta carga emocional, mas PUTA QUE O PARIU como sentir que pode fazer o que dá na telha é libertador.
Voltei a andar na rua quando dá vontade (lê-se “quando tem sol”), a praticar violão com mais regularidade, falar com gente que eu gosto no whatsapp deixou de ser um martírio, e tenho denovo sentido a vontade de ser criativo. To esperando ficar mais calor pra ir pedalar na rua.
Acho que to finalmente catando meus cacos e me reerguendo emocionalmente de uma sequência de meses bem difíceis (quem é do meu rio grande do sul sabe os outros tons que as coisas ganharam por aqui)
Inclusive, tenho uma coisa pra mostrar pra vocês: Agora a Refluxo de Pensamento tem uma “arte de capa”, desenhada por mim!
Pari ela numa sexta a noite, enquanto deveria estar prestando atenção em um O Planeta dos Macacos: O Confronto que eu havia me proposto a assistir. Infelizmente 70% dos diálogos do filme são falados em macaco, então eu vou precisar voltar nesse filme em outro momento. Ainda é um trabalho em andamento (“WIP” pra turma do design), mas eu já fiquei bastante feliz com o que eu consegui produzir com um tablet e um sonho. Pode até ser feio, mas é nosso.
Confissão - Metade do motivo dessa Newsletter existir é por causa do nome, que agora eu posso complementar com o conceito visual que eu pensei na primeira vez que senti vontade de me comunicar com o mundo em um formato mais formal, de texto corrido.
Por fim, eu queria mandar um beijo especial pro Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, sem ele nada disso estaria sendo possível, e vocês provavelmente me encontrariam mais desesperado no twitter.
É isso pessoal, até a próxima!
PS: Eu estou buscando Jobs e vou deixar aqui como quem não quer nada meu perfil do Linkedin.
Me indica no teu trabalho, eu sei fazer conta :)